domingo, 25 de abril de 2010

CACHORRO/IDADE

Igor--que encanto de pessoa é ó poodle-toy de minha filha.
Acorda alegre, dorme alegre, topa tudo:
carinho leve, tapa na cara, brincadeira idiota, chega-pra-lá,
não enche que agora estou lendo.
Mas, de repente, a tristeza se insinua --olho Igor,
Igor me olha -- por que não fala ?
Por que não me diz o que sente, não me revela suas
observações psicãológicas, não me faz penetrar um pouco mais
no (seu) mundo cão ?
Tristeza puxa tristeza se, pior, não puxa angústia.
Foi o que aconteceu com a minha tristeza quando me bateu
a idéia perturbadora que um dia, daqui a não muitos anos,
esse bebê-cão vai ser mais velho do que eu.
Como ele envelhece sete para cada ano de envelhecimento
humano, basta eu viver mais uns dez anos e olharei para ele
lamentando a decadência que, tenho certeza,
ele agora lamenta em mim,
oh God ! - oh Dog !

MILLÔR

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